COVID-19: Esclareça as suas dúvidas sobre as vacinas! (Parte 2)

COVID-19: Esclareça as suas dúvidas sobre as vacinas! (Parte 2)

5 Agosto 2021

Este artigo é a segunda parte de uma série de três artigos desenvolvidos para responder às dúvidas que possam existir relativamente às vacinas contra a COVID-19. Se pretender, poderá ler ainda a Parte 1.

Nesta segunda parte, darei resposta a questões muito específicas sobre as próprias vacinas e a sua forma de atuação.

No caso das vacinas contra a COVID-19, qual é o esquema de vacinação em vigor?

Aos dias de hoje, os esquemas de vacinação vigentes são os seguintes:

  • Vacina Comirnaty (Pfizer) e Moderna: duas doses, com intervalo de 28 dias entre elas;
  • Vacina Vaxzevria® (AstraZeneca): duas doses, com intervalo de 8 semanas entre elas;
  • Vacina Janssen: uma dose.

Qual a diferença entre vacinas de mRNA e de adenovírus?

Antes de mais, importa referir que tanto as vacinas de mRNA como as vacinas de adenovírus têm um mesmo objetivo em comum: dar ao nosso corpo as ferramentas necessárias para que o nosso sistema imunológico seja capaz de responder, de forma adequada, a uma potencial infeção. Isto é, colocar no nosso organismo uma sequência genética que permita codificar a proteína spike do SARS-CoV-2, que é uma proteína essencial para que o vírus consiga infetar as nossas células. A única diferença é que as vacinas de mRNA têm em si moléculas que transportam a informação necessária para que o nosso corpo sintetize a proteína spike e, posteriormente, desenvolva anticorpos para se defender da mesma. Por outro lado, as vacinas de adenovírus consistem na própria proteína spike, o que conduzirá o nosso sistema imunitário a reconhecer este componente viral como uma substância estranha, agindo consequentemente com o intuito de o neutralizar. Importa, contudo, sublinhar que nenhuma das vacinas que estão autorizadas em Portugal introduzem o vírus no nosso corpo e, por isso, nenhuma delas pode provocar a infeção.

A vacinação heteróloga é segura?

A vacina da AstraZeneca é, talvez, a que tem gerado uma maior controvérsia na população em geral e no seio da comunidade científica. Em fevereiro, as autoridades de saúde portuguesas recomendaram a suspensão desta vacina para menores de 60 anos. Contudo, aquando dessa decisão, muitos indivíduos já tinham sido inoculados com uma primeira dose. Segundo a norma da Direção-Geral da Saúde, o ideal seria que o esquema vacinal fosse completo com uma dose de uma vacina mRNA. Posto isto, rapidamente surgiram questões como: será que a imunidade não ficará comprometida? Será que a toma de duas vacinas de marcas distintas será segura?

Bem, sabe-se, a princípio, que a toma de duas vacinas distintas poderá provocar uma maior reatogenicidade. No entanto, e apesar dos estudos serem, efetivamente, escassos e bastantes recentes, esta recomendação parte da “plausabilidade biológica” da vacinação heteróloga, uma vez que, apesar das vacinas serem diferentes, as mesmas carregam o mesmo antigénio – a proteína spike do vírus. Além disso, tem vindo a ser demonstrado um aumento da resposta imunológica ao SARS-CoV-2 através da vacinação heteróloga, o que, se se confirmar, permitirá acelerar o processo de vacinação, reduzir o impacto da escassez de vacinas, direcionar os esquemas vacinais de acordo com as necessidades específicas de um indivíduo e, quiçá, permitir uma melhor resposta do sistema imunológico ao aparecimento de novas variantes do vírus.

A vacina é eficaz contra as novas variantes?

Desde o surgimento da COVID-19 e de vacinas para a combater, já assistimos ao aparecimento de diversas variantes do vírus SARS-CoV-2. Até à data, ainda pouco se sabe sobre a eficácia das vacinas na resposta a estas alterações. A verdade é que as vacinas atuais treinam o organismo para reconhecer a proteína spike do vírus: a componente do vírus sobre a qual recaem, precisamente, algumas mutações, associadas a variantes como a da África do Sul e a do Reino Unido. Apesar disto, os especialistas indicam que, mesmo que se verifique uma resposta diminuída no que diz respeito ao título de anticorpos presente nos indivíduos vacinados, a resposta produzida tem-se verificado suficiente para neutralizar o vírus. Além disso, os anticorpos neutralizantes não são os únicos que nos protegem contra o vírus. Além da imunidade humoral, existe ainda a imunidade celular que nos é conferida pelas células T (citotóxicas e auxiliares) específicas contra o vírus.

 

Se pretender saber mais sobre as vacinas contra a COVID-19, poderá ler ainda a Parte 3 deste artigo.

 

Dra. Andreia Moreira

 

     

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