COVID-19: Tentando que fique tudo bem

COVID-19: Tentando que fique tudo bem

28 Janeiro 2021

Hoje, dia 28 de janeiro de 2021, o mundo está uma confusão.

Isto não é novidade. Já está na hora de parar de chamar NOVIDADE a toda esta situação. Chega de “novo normal”, chega de “o novo coronavírus” ou mesmo de “máscaras são novidade, não as estudamos o suficiente”. Estamos a viver um normal diferente, mas já não é novidade. Estamos perante um vírus que mata demasiados pais, filhos, avós, MAS não é novidade. Porque é que isto é importante? Porque ser novidade passa também por ser desculpa e, nesta fase, já não há desculpa possível para metade das nossas ações.

Sentimos necessidade de sair da bolha, mas será que é prudente, um ano depois, ainda termos esta mentalidade, este tipo de necessidades? Devo aceitar que estar triste e ter saudades faz parte do “novo normal”? Sentimos que podemos e devemos opinar sobre a telenovela do nosso dia-a-dia, mas será que estamos bem informados ao ponto de o fazermos de consciência tranquila? Temos necessidade de proteger os nossos, mas será que estamos a prejudicar “os nossos” dos outros, ou será que estamos a fazer um bom trabalho cívico no geral?

O que é óbvio para mim pode perfeitamente não ser óbvio para a senhora que acabou de passar por mim na rua. As dúvidas não só existem como nunca foram tantas e tão impactantes.

As vacinas são uma realidade para alguns, mas são um sonho bem distante para a maioria. Mas também é certo que estão mais perto do que ontem, e isso faz-me pensar que, se consegui não ficar infetada até agora, não é nos dias mais próximos da vacinação que vou ficar (ou pelo menos vou lutar para que isso não aconteça), certo? Isto aplica-se para os nossos entes queridos, principalmente os de risco, que tanto tentamos proteger. Mas vamos imaginar que já estive infetada. Sobrevivi, mas será que não há repercussões? Será que não posso voltar a ficar exposta ao vírus? Será que sou um meio de transporte do vírus para outras pessoas, quando me sinto “super imune, super inatingível”?

Há dúvidas, há medos, há opiniões sem fim, mas uma coisa é certa, informação nunca é demais, e isso falta-nos a todos. Informação vinda de fontes seguras, baseada em estudos, em vivências de profissionais de saúde, em números, e não baseada na fértil imaginação de cada um ou no primeiro link de fonte anónima que nos aparece nas sugestões do Instagram.

Vamos então fazer um esforço coletivo para nos informarmos, por favor? Uma vez não chega, a atualização individual deveria ser diária, principalmente durante este pico em Portugal.

Hoje, escrevo a minha perspetiva do panorama atual. Não sou profissional de saúde, mas estou diariamente em contacto com muitos deles. Como tal, e baseada no desespero da ignorância que sinto, com noção de que os meus amigos e familiares também estão à toa, decidi recolher toda a informação que eles tinham para nos dar, de forma a tentar ajudar todos os que estão na mesma posição que eu. Aposto que sei como te sentes: com dúvidas, medos, mas que acima de tudo estás acordado(a), preocupado(a) e com vontade de “fazer as coisas bem”, com vontade de ajudar a salvar vidas!

Vamos a isto então? Posso contar contigo para salvar vidas? (Vou-te tratar por “tu”, espero que não te importes).

Só uma pequena nota: esta informação/conselhos são aplicados à fase atual da pandemia. Se estiveres a ler isto muito depois da data de publicação do artigo (28/01/2021), procura informação mais atualizada, para o bem de todos. Lembra-te que estamos em constante mudança! 

Hoje falaremos sobre dois tópicos, e se gostarem, falaremos mais tarde sobre mais medidas/cuidados a ter. Para facilitar, vamos dividir isto em duas partes: dicas de profissionais de saúde e dicas minhas.

(Ah! E já agora, vamos quebrar esta barreira: eu sou a Sara, tenho 25 anos, sou Engenheira e sou do Porto)

Vamos lá!

 

DICAS DE PROFISSIONAIS DE SAÚDE - Máscaras/proteção facial

Hoje dou-vos a conhecer a minha mãe. A minha mãe é conhecida como um furacão. O “bombeiro” de toda a família e arredores, a consultora de meio Porto, MAS, a minha mãe na verdade é farmacêutica. Gere uma farmácia relativamente grande e movimentada na cidade do Porto. Desde que a pandemia começou, a minha mãe não parou. Tem olheiras profundas, atende mais de 100 chamadas em alguns dias (real, nós temos uma aplicação para controlar esta loucura de telefonemas), teve um funcionário, amigos, uma tia, um irmão e um filho com COVID, e conseguiu não ter até hoje! Percebam, mal temos alguma dor, vamos onde? À Farmácia! As pessoas vão constantemente à farmácia contagiadas, sem noção, à procura de um anti-inflamatório ou um xaropezinho para a garganta. Continuando… a minha mãe não festejou os 50 anos (nem os dela nem os dos amigos), usou dois “outfits” alternadamente durante meses, para não nos pôr em risco aqui por casa, dormiu longe do meu pai (doente de risco) sempre que necessário, arranjou mil fornecedores de cada artigo COVID, investiu muito dinheiro em quantidades aparentemente absurdas de máscaras e álcool-gel, para não arriscar ficar sem material para todos. Pelo meio, geriu a loucura da vacina da gripe (nem vou entrar neste tema, senão escrevo um livro).

Muito resumidamente, a minha mãe está numa luta diária, viu de tudo um pouco mais, e estuda IMENSO. Por isso, atualmente tenho muito orgulho em ouvir tudo o que tem para me transmitir, e como eu, muita gente (mesmo muita gente) recorre à minha mãe para tomar as mais variadas decisões. Assim, acho mesmo que devem pegar num bloquinho e apontar as dicas da minha mãe, que hoje perdeu uns minutos do seu dia apressado para nos ajudar a ajudar:

 

“Tentando simplificar e responder à pergunta do momento, que máscara devo usar?

A Direção-Geral da Saúde recomenda, desde sempre, o uso de máscaras cirúrgicas de proteção a todos os profissionais de saúde, a quem tenha sintomas respiratórios, a pessoas que entrem e circulem em instituições de saúde, indivíduos mais vulneráveis (com mais de 65 anos de idade ou com doenças crónicas e em estado de imunossupressão), forças de segurança e militares, bombeiros, distribuidores de bens essenciais ao domicílio, trabalhadores em instituições de solidariedade social, lares e rede de cuidados continuados integrados, agentes funerários e profissionais que façam atendimento ao público, onde não esteja garantido o distanciamento social.

As máscaras cirúrgicas tipo II ou IIR (Dispositivo Médico) e as “semi mascara” FFP2 ou FFP3 (Equipamento de Proteção Individual) são as que conferem maior proteção. Na minha opinião, dado que estamos no pico da pandemia e que, infelizmente, o mapa de Portugal está pintado de negro... quem tiver possibilidade deve usar estas! Entre as cirúrgicas e as FFP2, as que nos conferem maior proteção, por se tratarem de respiradores que se ajustam melhor ao rosto, são as FFP2. Estão a surgir no mercado, para além das brancas, outras coloridas: pretas, azuis, verdes, amarelas, rosa, enfim... Sempre fui contra esta ideia inicial de associar a máscara a um acessório de moda. Temos de a assumir como "O" elemento de proteção. Agora, se acrescentarmos cor sem prejudicar a função, porque não? Acresce que se forem coloridas, liberta a "culpa" de estarmos a retirar máscaras aos profissionais de saúde... Sempre fui da opinião de que as máscaras têxteis foram um recurso, devido à enorme falta de máscaras médicas, mas não são uma solução e nunca foram indicadas para pessoas de idade superior a 65 anos ou pertencentes a grupos de risco. Penso que foi um erro este investimento exagerado da nossa indústria têxtil na produção de máscaras comunitárias e o pequeno investimento na produção de máscaras médicas. Mas, felizmente, já temos alguns fornecedores nacionais com elevada qualidade a produzir máscaras, quer cirúrgicas, quer FFP2. No que toca às FFP2 (designação europeia), procure por aquelas que cumprem a Norma EN 149+A1:2009 e que possuam a designação CE, seguida de quatro dígitos. Relativamente às KN95 (designação chinesa, equivalentes às FFP2), certifique-se de que cumprem a Norma GB2626-2006.

Tão ou mais importante do que a escolha da máscara é a sua correta utilização, a higienização das mãos de cada vez que coloca ou retira a máscara no rosto, e ajustá-la perfeitamente. Os homens com barba vão ter dificuldades... o ajuste da máscara ao rosto fica comprometido e a proteção será menor. Tratam-se de dispositivos descartáveis, pelo que devem ser trocadas sempre que estiverem húmidas, o que acontecerá ao fim de cerca de 4 horas de utilização para as máscaras cirúrgicas e 8 horas para os respiradores FFP2.

Na dúvida, pergunte!”

 

Ela é incrível, não é? (Só é pena não nos tratar por “tu”).

Mas vamos parar para refletir sobre isto, por favor!

 

DICAS MINHAS - Distância de segurança

OK, parece óbvio. Todos sabemos que a distância mínima de segurança são 2 metros. Mas, na verdade, olha à tua volta e diz-me, estamos a cumprir?

Fica aqui uma pequena dica de como ajudar o teu subconsciente a andar de mão dada com o teu consciente e, por consequência, a manter a distância de segurança em vez de apertar e apertar à medida que o tempo passa na fila de espera (pondo em risco a D. Rosa, que tem problemas de coração e até só está na fila porque precisa mesmo de medicação e não tem quem vá por ela – não, a D. Rosa não tem Glovo).

Dica: 2 metros corresponde, aproximadamente, à distância que se dá entre pessoas na fila da Segurança Social, acrescentando a tua pessoa deitada no chão, na mesma direção. Eu costumo pensar que me se me deitasse à minha frente daria mais ou menos "até ali”, e tem resultado. Queres que te faça um desenho?

 

Ok, esta sou eu (sim, tenho 1,70m). Como podem ver, a distância de segurança para outras pessoas corresponde ao meu tamanho mais aquilo que antes era a distância normal entre pessoas. Parece absurdo, não é? Mas resulta!

Não me quero estender mais, senão nem a minha própria mãe vai ler isto (ups). Há muitas perguntas que não escrevi, há muitas respostas por dar (umas sei responder, outras AINDA não), quer a estas perguntas quer às que ficaram por fazer. Também não pode ser tudo de uma só vez!

Mas digam-me se gostaram, partilhem se concordarem e esperem pelas próximas dicas (porque, atualizar informação, sim, já aprenderam essa).

Até breve!

 

Sara Moreira Ferreira

 

     

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